quarta-feira, 23 de maio de 2012

SILÊNCIO E PALAVRA


SILÊNCIO E PALAVRA



                Na liturgia de nossa Igreja as realidades, Silêncio e palavra, sempre estiveram presentes. Deus fala em nosso coração através da nossa capacidade de ouvir e sentir. Em meio às palavras pronunciadas pela assembleia orante, o silêncio desinstala, nos remete a uma espiritualidade muito além de nossas razões. No entanto, num mundo marcado pela conectividade, existe espaço para o silêncio em nossa evangelização através da liturgia?

                Bento XVI, por ocasião do dia mundial da comunição, lançou essa reflexão para toda a Igreja. Para o Santo Padre, não há dualidade, mas complementaridade entre silêncio e palavra, que em seu equilíbrio, aumenta, dá consistência e valor a espiritualidade e a evangelização, principalmente no meio de comunicação. Silêncio e palavra são duas asas pelas quais a comunicação com Deus acontece em profundidade e verdade. Constitui um único caminho, em que Deus é o autor, origem, companheiro de caminhada, meta e porto seguro de toda existência humana.

                Intercalada pelo próprio Silêncio, Palavra que é sempre nova, que não se repete, pois é o próprio Verbo a falar, da perene novidade do Eterno que entrou no tempo. Silêncio é fecundo e gerador, por que dá espaço para a pessoa crescer, para ser ela mesma. Na base da evangelização esta o convite a fazer a experiência de ser atingido pela Palavra e de saboreá-la em Silêncio.

                O ser humano é por natureza e vocação um ser relacional. Os meios de comunicação, por exemplo, além de favorecer o acesso a difusão de conhecimento, também estimula a convivência humana. Mas no meio desta “aldeia global”, há comunicação, Palavra e Silêncio ou simplesmente palavras? Bento XVI nos lembra: É no Silêncio que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto e do corpo.

                O Silêncio não fala, mas significa. A Palavra no Silêncio encontra seu significado e seu lugar. O cristão torna-se verdadeiramente comunicador na cultura digital quando faz a experiência do Silêncio e da Palavra em sua própria vida pessoal e litúrgica. Só assim, nossa mensagem se torna novidade e não mera repetição. Testemunho de vida e não apenas informações. O êxito da missão do evangelizador exige a escuta, não só de quem recebe a mensagem, mas também de quem a propõe.

pe Wellington Rodrigues   


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